24 de janeiro de 2014

O corpo fala: comunicação não verbal

Depois de ter meu interesse super aguçado pelo TED da Amy Cuddy (Your body language shapes who you are), concluí ontem a leitura do livro "O corpo fala", de Pierre Weil e Roland Tompakow, que estava na minha estante há mais de dez anos (tentei ler no passado, mas faltava um incentivo maior, que encontrei no título do vídeo da psicóloga).

Confesso que não foi a minha leitura favorita, porém o assunto é muito interessante. Saber o que o nosso corpo diz inconsciente enquanto nos expressamos conscientemente é importante pra manter uma coerência na comunicação que fazemos.

Entre diversos gestos conhecidos e outros que nem imaginava, o que me chamou atenção mesmo foi o capítulo final, onde os autores afirmam que mudando nossa postura corporal podemos mudar também a postura mental. Isso tem tudo a ver com outro livro que li, "O poder do hábito". de Charles Duhigg. (parece que é possível baixar aqui)

Sempre acreditei que a postura tem tudo a ver com o que pensamos e sentimos em relação a nós mesmos, aos outros e o mundo. Um exemplo disso é o aperto de mão. Quando alguém me cumprimenta e não pega firme a minha mão, imagino que a pessoa não tenha firmeza, segurança de ser quem realmente é.

"Podemos agora fazer uma pergunta: Se o nosso corpo expressa a nossa personalidade, será que, mudando certos aspectos corporais, podemos mudar algo no nosso ser mental, emocional e instintivo? Seremos uma "esfinge" diferente?
A resposta <> é óbvia, nas alterações do equilíbrio quantitativo entre os componentes do nosso corpo." - O corpo fala, Pág. 263

Uma pessoa com postura firme, segura de si e dona da própria história demonstra coerência entre o que diz e o que não diz, mas expressa de forma não verbal, através do andar, como se posta diante do oponente, como senta, olha etc.

"Será que, alterando-se a qualidade apenas do equilíbrio geométrico da nossa estrutura física, isto influencia na nossa mente? Se, desanimados, ficamos cabisbaixos, será que nos sentiremos mais confiantes, se erguermos o rosto? (Experimente agora, se puder - com alguém que esteja triste, ou, se for o caso, consigo mesmo") - O corpo fala, Pág. 264

Quem é que nunca fez o teste sugerido pelos autores ou pelo menos ouviu um amigo dizer "respire fundo, levante a cabeça, estufe o peito e bola pra frente!"? Essa frase descreve bem essa técnica e quem já experimentou sabe que funciona quando levada a sério. Claro que precisa de disciplina para criar o hábito. Nenhuma mudança é de um minuto para o outro. Exige esforço.

Algumas técnicas e métodos vêm sendo desenvolvidos aos longos dos anos pra ajudar a mudar os nossos estados emocionais e atingir a estrutura da nossa personalidade. Entre elas estão algumas muito conhecidas como a ioga (método antigo que ajuda a educar a personalidade), a dança (permite o desenvolvimento da harmonia do nosso ser através da harmonia dos nossos movimentos), diversas técnicas de relaxamento (liberta as tensões musculares, descansa e recupera as energias e nos prepara para dormir melhor) e o judô (um meio de desenvolver mais harmonicamente o nosso ser integral).

Há alguns meses tenho procurado fazer relaxamento antes de dormir e algumas vezes ao acordar também. Posso dizer que essa técnica funciona pra mim. (Se alguém se interessar pelos vídeos que uso, me avise que indico. Estão disponíveis no Youtube) ;)



23 de janeiro de 2014

Reencontro com o eu criança

Ontem conversava com um amigo poeta e entre muitos assuntos surgiu Manoel de Barros. Logo recordei que na época do cursinho (pouco menos de 10 anos atrás) eu comprei um livro diferente, cujas folhas eram soltas e a capa era uma caixinha de papel pardo. Fui na minha estante e eis que lá estava ele me esperando para um novo encontro.

Confesso que não sou uma grande fã de poesia, mas tenho meus momentos de aproximação e afastamento. Algumas vezes me forço a tentar entender pelo menos um pouquinho do que queriam nos dizer esses grandes seres. E aqui estou outra vez com "Memórias inventadas, A segunda infância", de Manoel de Barros, nas mãos.

Logo na primeira página, onde Manoel descreve Manoel, me identifico com o autor que diz que, na infância, ao invés de peraltagem fazia solidão. Me fez recordar quando eu tinha uns sete anos de idade. Meus pais moravam numa cidade tão pequena que não consegui encontrar no Google o número de habitantes que hoje vive nela.

Na época meus irmãos maiores (todos adolescentes) já tinham responsabilidades (todos começamos a trabalhar bem cedo para ajudar meus pais) e minha irmã caçula era apenas um bebê. Como não tinha com quem brincar, nem bonecas ou qualquer outro brinquedo, eu fingia que as espigas de milho eram minhas amigas e companheiras.

Costumava brincar entre as plantações dos meus pais. Fazia casinhas imaginárias entre os pés de mandioca, milho ou debaixo de qualquer árvore que oferecesse uma sombra agradável e um terreno plano. A natureza era o cenário diariamente.

Tenho poucas memórias dessa época. Gostaria de lembrar mais. Tentei resgatar pedaços de mim criança nessa viagem que fiz pra casa em dezembro, mas minha mãe diz não ter boa memória. Me pergunto se sua memória talvez possa ter apagado boa parte de nossa história por causa de todo o sofrimento que passou vivendo uma vida tão dura por tantos anos. Mas seja como for, passado é o que ficou pra trás e nós não somos o nosso passado mas o resultado dele. Resgatar pedaços da nossa história é, como dizem poetas e filósofos, tentar se renovar.

"Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles - esse pessoal. Eles falavam nas aulas: Quem se aproxima das origens se renova." - Manoel de Barros


Colocando a leitura em dia

As primeiras duas semanas de dezembro foram sensacionais. Estava no começo das "férias" e acordava me sentindo leve, cheia de energia, disposição, vontade de conhecer São Paulo e ler todos os livros possíveis (ainda acordo animada, mas com um pouco menos de adrenalina). Comecei a fazer lista de atividades para o dia seguinte pra não perder tempo pensando o que vou fazer quando acordar. Descobri que isso funciona pra mim.

Por volta das 07 horas da manhã o despertador toca e eu pulo da cama feliz da vida. É hora de ir para o Centro Cultural Vergueiro, à Biblioteca Mario de Andrade ou algum outro lugar onde posso ler sem compromisso. Gosto de marcar encontros com Julio Cortazar, Drummond e diversos outros escritores que estou conhecendo. Uma delícia!

No meio de dezembro viajei para o Rio Grande do Sul pra ficar algumas semanas com a minha família. Levei três livros comigo (A grande Virada, de Jose Luiz Tejon; Design Thinking Brasil, de Luis Alt e Tennyson Pinheiro; e De onde vêm as boas ideias, de Steven Johnson). Não quero perder tempo. Existem muitos bons livros esperando pra serem lidos e eu quero ler todos que puder ;)

Consegui ler metade do que levei. Fiquei três semanas e li um livro e meio. Até que não fui tão mal no propósito, contando que precisava dar atenção aos meus sobrinhos, minha mãe e minhas irmãs, além dos conhecidos.

De volta à São Paulo, estou tirando o atraso literário. Além de fazer caminhadas quase que diariamente na Avenida Paulista, passo horas dentro do meu pequeno apartamento lendo. Algumas vezes fico cansada e preciso descer até a rua pra dar um tempo. Mas não demoro muito e volto pra eles. Estou finalizando o quinto livro deste mês (além dos que levei na viagem, estão: Pode quem pensa que pode, de Lauro Trevisan; As consolações da filosofia, de Alain de Botton; e O corpo fala, Pierre Weil e Roland Tompakw).

Lembro que há alguns anos eu estava participando de um curso na Casa do Saber e alguém entre nós comentou que lia dois livros por semana. Na época fiquei me perguntando se algum dia conseguiria fazer isso. Acabei de descobrir que consigo se ficar diversas horas voltada somente para a leitura. Mesmo gostando muito de ler, penso que eu não conseguiria repetir por anos e anos essa façanha. Ler é um prazer então, não pode virar algo maçante ou uma obrigação. Ler uma hora ou duas por dia é agradável, mais do que isso me parece que seria cansativo e acabaria perdendo a graça.

Isso me faz lembrar de uma passagem de "As consolações da filosofia", de Alain de Botton, onde o autor cita trechos de Montaigne com o qual não posso deixar de concordar:

"Nunca me disponho a gastar meus neurônios por coisa alguma, nem mesmo em nome do conhecimento, por mais precioso que ele venha a ser. Dos livros, espero apenas que sejam um passatempo honesto e me proporcione momentos de prazer [...]."


22 de janeiro de 2014

Hora de escrever uma nova história

Há pouco menos de dois meses me desliguei da empresa onde trabalhei os últimos nove anos da minha vida. Quando saía da entrevista de desligamento e caminhava em direção ao ponto de ônibus lembrei do dia que estive lá pela primeira vez. Lembro que, quando cheguei naquela rua, pensei comigo "Eu não fico neste lugar nem um mês". (lição 1: não devo julgar pela aparência)

Eu tinha 24 anos e estava saindo de uma das maiores agências de publicidade do Brasil, situada numa região bacana, num prédio todo moderninho, e indo direto para uma empresa B2B, cheia de engenheiros, num bairro simples da zona oeste de São Paulo - "zero glamour" pensei. A diferença foi sentida no fundo do coração.

Não me identifiquei, mas encarei. Nem sempre dá pra fazer só aquilo que queremos. Algumas vezes a necessidade fala mais alto. Esse era o meu caso. (lição 2: quando me dei a chance, conheci pessoas incríveis e aprendi lições maravilhosas)

Nove anos depois, com outra visão do mundo corporativo e daquilo que quero para a minha vida, deixei essa mesma empresa com a sensação de que foi uma experiência sensacional. Lá dentro passei pelos momentos mais difíceis e mais importantes da minha vida até hoje. Comecei a trabalhar num departamento que não me identificava com nada, onde aprendi que o orgulho não paga o aluguel nem a faculdade e que ter paciência e clareza nos ajuda a trilhar os caminhos que queremos. (lição 3: nos momentos mais difíceis foi que mais aprendi e amadureci)

Percebi que cada momento dessa experiência valeu a pena quando concorri a uma vaga em outro departamento e fui escolhida entre outros 20 candidatos. Foi a primeira vez que senti orgulho do meu esforço. Mas eu ainda não estava feliz, queria chegar no marketing. Era o meu objetivo e comecei a me preparar para o dia que a oportunidade aparecesse. (lição 4: algumas vezes precisamos fazer um percurso mais longo para chegar onde queremos)

Como que por mágica, pouco mais de um e meio ano depois, alguém ligou no meu ramal pedindo para eu pegar um documento confidencial que fora enviado por engano para a impressora perto da minha mesa. Quando vi que era a abertura de uma vaga no marketing tive a certeza que era a vida sorrindo pra mim. Fiquei empolgada, mas a pessoa tentou me desencorajar porque eu ainda não preenchia todos os requisitos da vaga. Mesmo assim, quando a vaga abriu oficialmente me candidatei. Concorri com outras quatro pessoas e fui contratada. Consegui! Essa foi a segunda vez que me orgulhei de mim mesma. (lição 4: jamais deixe alguém dizer que você não consegue. Mas se disserem, prove o contrário)

A terceira vez que tive orgulho de mim mesma foi quando voltava pra casa no dia do desligamento. Eu não estava feliz já fazia algum tempo. Percebia que o meu perfil não estava adequado para o perfil da empresa e vice versa. Além disso, depois de tantos anos, preciso de um respiro, um novo desafio, testar novas habilidades.

O ano passado não foi dos mais fáceis, mas sem dúvida foi o ano mais importante da minha vida. Entrei 2013 com o objetivo de me conhecer melhor e conforme isso foi acontecendo comecei a perceber o quanto desejava e precisava de uma mudança. Muitas vezes senti vontade de colocar uma mochila nas costas e viajar pelo mundo. Claro que o meu lado racional falou mais alto me fazendo lembrar do apartamento pra pagar, da pós graduação financiada e etc. Não desisti de viajar, apenas adiei um pouco mais esse sonho para concluir algumas coisas que comecei por aqui.

Contei toda essa história pra dizer que estou de volta ao blog que será o diário dessa nova fase. Aqui pretendo registrar minhas experiências durante o período que ficar "between jobs" (entre empregos). Abordei os assuntos conforme a inspiração do dia ;)

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