16 de fevereiro de 2013

Equilibrar papéis e fazer escolhas

A felicidade está dentro de nós e para encontrá-la precisamos nos conhecer.

Entrei este ano pensando sobre diversos assuntos e um deles é a importância de puxar para nós o controle da nossa própria vida. Saber que temos opção de escolha, que podemos mudar a forma que enxergamos a vida e passar a fazer o papel de protagonista ao invés de simples coadjuvantes da nossa própria história.

Se engana quem pensa que deixar a nossa felicidade nas mãos de terceiros é o caminho mais fácil para ser feliz e realizado. Este é, na verdade, o caminho mais curto para o insucesso e a frustração. Uma forma de nos isentar da responsabilidade que temos com nós mesmos.

Se muitas vezes nem nós sabemos o que nos faz feliz, como que outra pessoa, que tem a forma de enxergar, viver e sentir diferente da nossa, poderia saber? Segundo entrevista da psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida à Revista Época, "não há como entender a felicidade com a razão, não é possível mensurá-la ou pensá-la como um modelo que valha para todos, todo o tempo. A sensação de felicidade é uma experiência singular, única para cada pessoa."

Com o amadurecimento descobrimos aquilo que nos faz bem e é importante colocar as descobertas em prática para mandar o estresse embora, para nos tornarmos mais leves perante a vida, para adquirir o equilíbrio e assim, contribuir para a nossa felicidade e a de quem está próximo de nós. Temos que assumir o controle da nossa vida, fazendo escolhas e optando por aquilo que é bom para nós.

Hoje li um artigo da Cristiane Segatto para a Revista Época que fala sobre uma pesquisa desenvolvida pela professora Christine M. Proulx, do departamento do desenvolvimento humano e estudos de família da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos. A professora analisou diversos casais e descobriu que casamentos, relacionamentos positivos ou negativos, afetam a saúde dos indivíduos.

Não precisamos de muita análise para descobrir que a insatisfação trás consequências negativas. Basta prestar atenção em nós mesmos, em nossas relações. Quem nunca insistiu em um relacionamento que não fazia bem, mas que foi arrastando até que não dava mais? Nos prendemos em coisas, pessoas ou relacionamentos infrutíferos por medo da mudança, de como será o amanhã ou qualquer outro motivo que pareça justificar que continuemos empurrando a situação com a barriga. O que na verdade nos impede de resolver a situação e partir rumo a felicidade é a nossa falta de confiança em nós mesmos. William James disse: "Não existe outra causa para o fracasso humano senão a falta de fé do homem em seu verdadeiro ser."

Se homens e mulheres estão cada vez menos seguros de si e desconhecem a si mesmos e aquilo que lhes faz bem, como podemos esperar um dia encontrar alguém que nos faça feliz? Parece que estamos esperando ser salvos de algo. Seria de nós mesmos? Da nossa dificuldade de entender e aceitar que a nossa felicidade só depende de nós? Que a vida é feita de erros e acertos, que temos o direito de errar porque errando aprendemos e até mesmo os grandes exemplos da humanidade erraram ("Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não deram certo." Thomaz Edison)?

Não acredito (já acreditei, mas hoje não mais) que a minha felicidade depende de encontrar "a" pessoa certa. Acredito sim que, quando eu estiver madura e equilibrada (e isso depende da minha vontade de chegar lá) e conhecer um homem nas mesmas condições, poderemos complementar a felicidade um do outro. Ele não será responsável pela minha felicidade nem eu pela dele. Seremos parte da felicidade um do outro.


Erramos quando colocamos o nosso foco todo em alguém ou em encontrar alguém. Temos que equilibrar a nossa vida, pois desempenhamos muitos papéis e todos eles precisam ser alimentados para que a felicidade seja completa. Vamos pensar naquele tipo de balanço que precisa de duas crianças para que a brincadeira funcione - uma de cada lado. Se todo o peso estiver de um lado só, não dá para brincar, mas se tiver equilibrado ou mesmo com uma pequena diferença de peso, dá para se divertir um bocado. Na vida também é assim. Precisa haver um equilíbrio entre os diversos papéis para que a felicidade esteja presente.

Ser feliz ou infeliz está nas nossas mãos. Pense nisso e deixe o seu comentário.

28 de julho de 2009

Memórias de um Prêmio Nobel

Canetti, E. A Língua Absolvida, Histórias de uma juventude; tradução Kurt Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

Nascido em 1905 em Ruschuk, pequeno porto búlgaro próximo ao rio Danúbio, filho de judeus sefardins, doutorado em Química pela Universidade de Viena, em 1929, Elias Canetti ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1981, com a obra Massa e Poder (1961). Aos 25 anos fez sua primeira publicação, mas somente nos anos 60 seu trabalho foi notado pela crítica. Sua primeira obra foi uma peça teatral em versos, Junius Brutus, produzida entre 1916 e 1921 durante os estudos em Zurique.

Novelista, ensaísta, sociólogo e teatrólogo, além da obra que lhe rendeu o Prêmio Nobel, Canetti publicou títulos como Auto da fé (1935), A consciência das palavras (1990), Vozes de Marrakech (1987) e sua autobiografia, composta de três volumes que totalizam 840 páginas: A Língua Absolvida (1980); Uma Luz no meu Ouvido (1989); O Jogo de Olhos (1990).

No primeiro volume das memórias, A Língua Absolvida, o escritor relata o período que vai de seu nascimento ao fim da adolescência em Zurique, na Suíça - 1905 a 1921. Canetti descreve a peregrinação com a família pela Europa arrasada pela Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) – período em que se mudou quatro vezes.
Um ano antes de seu pai morrer, a família mudou para Manchester, onde o menino aprendeu inglês. Com a dura morte do pai, sua mãe seguiu com os filhos para Viena. Em 1916 mudou para a Suíça e de lá Canetti foi para Berlim, onde concluiu a escola.

As memórias são registradas com tamanha riqueza de detalhes que começa no título e narra um episódio envolvendo o namorado da babá, que ameaçou cortar sua língua como forma de fazê-lo calar. Elias Canetti registra acontecimentos e pessoas que marcaram sua vida, as conversas com os desenhos do papel de parede, os livros que ganhava do pai, o avô que falava 17 línguas, o duro aprendizado de alemão com a mãe, as tensões familiares geradas pelo ciúme que cultivava da mãe e o desenvolvimento da consciência literária.

Mas nem tudo foi difícil para o menino que aos 16 anos falava quatro idiomas, tinha contato com mais seis línguas e universos culturais variados. Seu maior prazer nos momentos livres, durante esses primeiros anos de vida, eram os saraus de leituras que fazia com a mãe, onde teve contato com grandes escritores da literatura.

A leitura de A Língua Absolvida é agradável e não necessita de conhecimentos prévios para entendê-la. Indicado ao público em geral e, em especial, aqueles que têm o desejo de escrever e de se autonarrar, a obra marca experiências pessoais, estimulando a lembrança de fatos, experiências de vida e formação do leitor.

2 de fevereiro de 2009

Meu primeiro parto

Tivemos uma perda na família ontem. Meu avô, pai da minha mãe, faleceu... teve um infarto durante o banho e morreu logo em seguida. Agora minha avó está "sozinha" e muito triste. Apesar do pouco contato que tenho com a minha família, também estou triste.

Nada melhor do que ver uma vida nascendo para compensar um pouco da tristeza causada pela morte de um ente querido. Por isso, hoje, durante o meu horário de almoço, vou assistir ao nascimento do Davi, filho da minha cunhada. Depois conto pra vocês qual é a sensação do meu primeiro parto. (gostaria que minha avó estivesse aqui para compartilhar desse momento. Quem sabe a tristeza dela desse lugar a esperança...)

29 de janeiro de 2009

Augusto de Campos

fer
ida
sem
ferida
tudo
começa
de novo
a cor
cora
a flor
o ir
vai
o rir
rói
o amor
mói
o céu
cai
a dor
dói

6 de janeiro de 2009

Sou fã

Gosto da forma como a Martha Medeiros escreve. Tudo tão simples, tão claro. Parece fácil como respirar. Não sentimos o tempo todo que estamos respirando. Fazemos sem pensar, no entanto, estamos respirando. Ela escreve, descreve e faz parecer assim, natural.

Para mim, escrever é difícil. Quero dizer, escrever sem ter um tema, sem ser algo encomendado. Escrever por escrever. Soltar as palavras, fazer fila com elas, brincar de roda. Elas ficam me atormentando, zoando de mim e nada de sair. Fico quase louca. Raramente elas se deixam sair e me brindam com a alegria de escrever, mesmo que seja para dizer nada, como agora. Só para desopilar e continuar levando a vida.

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