24 de janeiro de 2008

Minha batalha diária

Muitas vezes o desespero toma conta de mim. Meu estômago queima, minha respiração fica difícil, fico agitada, não consigo me concentrar em nada. Gostaria de resolver todos os problemas no exato momento em que eles surgem na minha vida.

Como se já não bastassem as minhas adversidades e limitações, ainda tenho que lidar com os problemas da minha família, lutando para que essa nova geração não faça as mesmas burrices que a minha fez, devido à ignorância de nossos pais.

Como pode em pleno século XXI alguém pensar em abandonar os estudos?! Fico indignada com essa possibilidade dentro da minha família. Ao mesmo tempo me sinto de mãos atadas. Estou há mais de 1800 km, não sei exatamente o que está se passando, mas já pressinto a tragédia.

Sapateio, resmungo, falo até cansar, mas nada consigo. Levei uma caixa gigantesca de livros para os meus sobrinhos quando estive em visita ao sul - na esperança de interessá-los pelo caminho das letras. No entanto, parece que nada os tira do marasmo da vida sem expectativas futuras. Minha sobrinha, com 15 anos, quer abandonar os estudos. Diz querer trabalhar. Pergunto-me mil vezes, o que poderá fazer uma adolescente do interior, com 15 anos, que não tem o ensino médio concluído e que não gosta de ler, nem escrever. Ainda não encontrei a resposta.

Ligo para casa toda semana na tentativa de dissuadi-la da idéia e também tentar influenciá-la no caminho da leitura, da escrita e do estudo por amor. Mas, sinto que estou a ponto de desistir. Sou da idéia de que para receber ajuda primeiro precisamos nos ajudar e não vejo isso vindo do outro lado. Minhas aliadas na batalha não conseguem nem mesmo argumentar com a rebelde. Não têm conteúdo, além das ameaças comuns aos meus tempos de criança.

Preciso abastecer minhas armas, não posso me dar por vencida. Acredito que falar a verdade seja um bom caminho. Todas as vezes que escutei a crua verdade me doeu muito, mas foram as vezes que mais senti vontade de crescer e lutar para realizar os meus sonhos. Talvez este seja o momento de dizer aquilo que venho guardando por receio de magoar ou afugentar minha querida "aborrecente". Vou arriscar, pode ser que valha a pena e um dia ela me agradeça por isso.

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