30 de janeiro de 2008

Nada como um bom livro

Quando comecei a ler “A língua absolvida” de Elias Canetti não estava apreciando muito, achei pesado por tratar de diversos temas sobre sua cultura, nomes que eu desconheço, tradições etc. Mas hoje estou rendida a bela história da infância desse escritor.

Ontem, quando me dirigia a ESPM para o curso de férias, fui lendo durante todo o trajeto. Enquanto me deliciava, não pude deixar de rir em alguns momentos, como aquele em que o autor conta que queria matar sua prima Láurica, porque não queria lhe mostrar os cadernos da escola. Quem já leu esse livro sabe do que estou falando.

Escuto e vejo a cena na minha mente diversas vezes do dia: imagino um menino de mais ou menos cinco anos, baixinho e com cara de quem sabe o que quer da vida, colocando a prima - mais velha e mais alta - contra o muro para obrigá-la a lhe entregar os cadernos para que ele possa ver as letras - letras que ele desconhecia, pois ainda não tinha aprendido a ler. Mais adiante vem a cena em que ele, vencido por ela, que colocou o caderno em cima do muro, pega o machado do armênio e marcha em sua direção entoando sua canção de guerra: “Eu vou matar a Laurica! Eu vou matar a Láurica! Eu vou matar a Láurica!

Isso realmente é amor às letras. Uma criança, que ainda não sabia ler, mas já era muito inteligente, sabia que as letras, ou seja, a leitura, era algo importante, faria o diferencial na sua vida.

Quando encontro um texto como esse aumenta minha vontade de devorar os livros. Sinto vontade de ler mais, mais e mais. Gostaria de ter tempo para ler pelo menos três livros ao mês – o que considero pouco. Mas se comparado com a média dos meus conterrâneos não seria tão pouco assim.

Àqueles que dizem não gostar de ler eu diria que é por que ainda não descobriram o tipo de assunto que gostariam de conhecer, porque quando sabemos o que queremos extrair da leitura ela se torna surpreendente. Nada com a companhia de um bom livro.

29 de janeiro de 2008

Soltando o verbo pela primeira vez

Começou ontem meu curso de férias na ESPM - SOLTE O VERBO: LIBERTE O ORADOR E O REDATOR QUE EXISTEM EM VOCÊ. Estou numa turma com mais ou menos 30 pessoas - homens e mulheres. Nosso primeiro exercício foi escrever um texto segurando a mão do colega. Devíamos colocar no papel tudo o que nos viesse a cabeça naquele momento, sem julgamentos, simplesmente soltar a imaginação durante 10 minutos.

Surgiram diversos escritores, várias histórias, muitas linguagens e algumas dúvidas. Muitos escreveram se perguntando qual o objetivo do exercício, outros viajaram legal sobre diversos assuntos. Ao final da escrita cada um leu seu material em voz alta para os demais e o professor fez seus comentários.

Para hoje, devemos escrever uma história, cujos personagens principais deverão ser dois tipos de remédio. Pois é, vou ter que colocar minha imaginação para funcionar...rsrs. Não estou acostumada. Mas vamos ver no que vai dar.

28 de janeiro de 2008

Mão com mão - Primeira aula - ESPM

O calor da tua mão segurando a minha mão
Logo chega ao coração
A maciez da tua mão faz tremer minha razão
Segura firme
Faz transpirar
Tudo isso no calor de um simples olhar

Ao segurar a minha mão
Faz sentir como um trovão
As batidas do meu coração

Mão com mão
Troca de calor
Respiração difícil
Medo de olhar

Minha mão na sua mão
Me fez perder o chão, a razão, a noção,
É estranho... um estranho segura a minha mão
Logo acalma a respiração

Sua mão na minha mão
Traz segurança e inspiração
Faz surgir uma esperança
Que perdi quando criança
Por não ter mais na lembrança
O calor de uma mão
Segurando a minha vida
Para logo ser querida
Por quem me deu a vida
Mas jamais me deu a mão.

Correndo contra o tempo

Hoje, pensando melhor nas minhas possibilidades descobri que talvez tenha que fazer um caminho mais longo para chegar ao ponto que quero. Descobri que se eu fizer um estágio na área de comunicação interna conseguirei sobreviver para ir em frente.

No segundo semestre da faculdade descobri que gostaria de fazer Jornalismo Cultural - era uma suspeita que tinha desde muito tempo. Mas bastou assistir uma palestra com a Ana Paula Sousa, da revista Carta Capital, para eu ter certeza. Depois, corri atrás para assistir outra, mas desta vez foi com o Marcos Augusto Gonçalves, editor da Folha Ilustrada. Apesar de não ser o que eu esperava, não mudou minha opinião com relação ao assunto.

Um dia, buscando no Google, descobri um curso de Jornalismo Cultural na Espaço Cult. Não tive dúvidas quando meu namorado perguntou se eu gostaria que ele me desse o curso de presente de aniversário.

Foram dois dias – sábado e domingo das 10h às 18h. Deliciei-me com as aulas, pois o curso foi ministrado por alguns dos grandes nomes do nosso jornalismo - Marcos Augusto Gonçalves (editor da Folha Ilustrada), Jerônimo Teixeira (crítico de literatura da Veja), Sergio Rizzo (crítico de cinema do jornal Folha de S.Paulo), Marcos Flamínio Peres (editor do caderno "Mais!" da Folha) entre outros.

Quando cheguei em casa falei para o meu namorado que gostaria de ganhar outros cursos de presente no Dia dos Namorados e se possível que ele me presenteasse com mais e mais cursos, sempre que possível. Claro que ele respondeu que iria pensar...rsrs.

Quase que diariamente acesso a internet para procurar cursos complementares na tentativa de melhorar o meu currículo. Quero fazer de fotografia, fotojornalismo, photoshop, história (todos os possíveis – história da arte, do cinema, do Brasil etc, etc e etc.), cinema e outros que forem surgindo.

Me parece, que por mais que eu me esforce estará sempre faltando algo. Para trabalhar com cultura, no mínimo a pessoa deve entender muito do assunto e não me vejo nesta condição. Conheço pouquíssimo de literatura (quero aprender muito mais), de cinema, de arte, de música etc. Penso que mesmo que eu dedique o resto da minha vida a estudar assuntos culturais, não conseguirei adquirir toda a bagagem que eu considero importante para ser uma boa jornalista de cultura.

24 de janeiro de 2008

Minha batalha diária

Muitas vezes o desespero toma conta de mim. Meu estômago queima, minha respiração fica difícil, fico agitada, não consigo me concentrar em nada. Gostaria de resolver todos os problemas no exato momento em que eles surgem na minha vida.

Como se já não bastassem as minhas adversidades e limitações, ainda tenho que lidar com os problemas da minha família, lutando para que essa nova geração não faça as mesmas burrices que a minha fez, devido à ignorância de nossos pais.

Como pode em pleno século XXI alguém pensar em abandonar os estudos?! Fico indignada com essa possibilidade dentro da minha família. Ao mesmo tempo me sinto de mãos atadas. Estou há mais de 1800 km, não sei exatamente o que está se passando, mas já pressinto a tragédia.

Sapateio, resmungo, falo até cansar, mas nada consigo. Levei uma caixa gigantesca de livros para os meus sobrinhos quando estive em visita ao sul - na esperança de interessá-los pelo caminho das letras. No entanto, parece que nada os tira do marasmo da vida sem expectativas futuras. Minha sobrinha, com 15 anos, quer abandonar os estudos. Diz querer trabalhar. Pergunto-me mil vezes, o que poderá fazer uma adolescente do interior, com 15 anos, que não tem o ensino médio concluído e que não gosta de ler, nem escrever. Ainda não encontrei a resposta.

Ligo para casa toda semana na tentativa de dissuadi-la da idéia e também tentar influenciá-la no caminho da leitura, da escrita e do estudo por amor. Mas, sinto que estou a ponto de desistir. Sou da idéia de que para receber ajuda primeiro precisamos nos ajudar e não vejo isso vindo do outro lado. Minhas aliadas na batalha não conseguem nem mesmo argumentar com a rebelde. Não têm conteúdo, além das ameaças comuns aos meus tempos de criança.

Preciso abastecer minhas armas, não posso me dar por vencida. Acredito que falar a verdade seja um bom caminho. Todas as vezes que escutei a crua verdade me doeu muito, mas foram as vezes que mais senti vontade de crescer e lutar para realizar os meus sonhos. Talvez este seja o momento de dizer aquilo que venho guardando por receio de magoar ou afugentar minha querida "aborrecente". Vou arriscar, pode ser que valha a pena e um dia ela me agradeça por isso.

23 de janeiro de 2008

Abusado e Rota 66 - Caco Barcellos

Depois de ler "Abusado" do Caco Barcellos fiquei curiosa para ler "Rota 66", que algumas pessoas me disseram ser ainda melhor que o primeiro. Na sexta-feira, 18/01, passei na biblioteca da faculdade para pegá-lo e mal cheguei em casa comecei a devorar suas páginas devido a minha ansiedade e vontade de conhecer sua história.

No decorrer da leitura fiquei impressionada com a crueldade dos assassinatos denunciados pelo jornalista e ao mesmo tempo me perguntando se tudo o que está escrito é verdadeiro. Até que ponto esse livro pode ser tendencioso?

Conheço pouco sobre o Caco Barcellos, mas posso dizer que gosto muito da forma como ele escreve, no entanto, algumas vezes me pego pensando que ele faz os bandidos parecerem bons quando os apresenta em seus textos.

Quando li "Abusado" tive a impressão de que o Juliano VP não era uma pessoa má, um bandido que matava e roubava a população. E hoje, depois de ler "Rota 66" fiquei com a impressão de que só a polícia é ruim, os bandidos, apesar de assaltarem, sequestrarem, violentarem e roubarem não são tão maus quanto pensamos.

Abrindo o coração

Em alguns momentos penso que estou perdendo tempo. Mas como poderia estar perdendo tempo se todo aprendizado é válido e eu preciso pagar o aluguel e a faculdade?

Certos dias, como hoje, tenho uma vontade insaciável de pesquisar, ler e escrever. No entanto, fico me perguntando pesquisar e escrever o quê? Pra quem?

Meu desejo de aprender é muito grande, mas aprendemos mais praticando e eu não estou praticando o que estou aprendendo. Vejo meus colegas de sala fazendo estágio, assistindo palestras, fazendo entrevistas e outros, passam o dia inteiro fazendo o que bem entendem – escrevendo no blog, lendo, se instruindo, fazendo cursos. E eu aqui... presa pela minha necessidade.

Como posso fazer as coisas acontecerem? Sinto uma vontade imensa de gritar, correr, chorar... Queria que o final de semana fosse eterno. Ele é pouco para ler tudo o que preciso, quero e gosto. Minha lista de livros já passa dos 250 títulos. Nas férias consegui ler somente cinco deles... Enquanto eu leio cinco, ela cresce mais 10. Eu me pergunto: quando vou me sentir segura, sabendo que li boa parte do que precisa ler?

Quando acesso o Blog Novo em Folha, do curso de jornalismo da Folha, fico agitada, não tenho como competir com muitos que ali estão. Eles não estão presos como eu... escrevem bonito, viajam, tiram fotos maravilhosas, falam inglês, espanhol e sei lá mais o quê.

Preciso cortar as amarras. Quero liberdade, ar fresco, vida nova. Estou me sentindo sufocada, agonizando.

Saio da sala, vou beber água... No corredor só pessoas estranhas, não sei onde estou, quem sou... o que estou fazendo aqui...

Ah, é verdade... estou no trabalho. Estou de volta à minha sala, com diversos trabalhos para fazer, mas nenhum deles que eu precise ler ou escrever alguma coisa. Lembrei... preciso trabalhar para pagar a faculdade e o aluguel.

Enquanto eu não tiver condições de ganhar algum dinheiro com os meus pensamentos, vou ficando por aqui. Vou levando, sonhando e esperando. Dizem que para tudo tem a hora certa... tenho certeza que a minha vai chegar.

19 de janeiro de 2008

Correndo atrás do prejuízo...

Depois de acessar o Blog Novo em Folha, como faço quase que diariamente, nesta última sexta-feira fiquei com palpitações ao ver as fotos do blog Beira de Estrada.
Como vocês já sabem, sou estudante do curso de Jornalismo. No último semestre tive aulas de fotografia. Mas, como vocês podem ver não deu para aprender quase nada. Bom, não era para menos, tinhamos apenas sete ou oito equipamentos disponíveis para mais ou menos 50 alunos e apenas uma professora para nos ensinar.
Infelizmente, eu não consegui aprender quase nada e agora estou como doida tentando realizar alguma coisa, correr atrás do prejuízo - onde vou quero tirar fotos. Acho que tenho bilhões delas no meu computador, no entanto, poucas podem ser vistas, porque o resultado não ficou dos melhores.

Sempre que alguém se distrai por alguns segundos, lá estou eu com uma câmera digital, tentando flagar um momento que possa falar por si só.

Mas, a cada foto que faço percebo o quanto não aprendi... Como poderia sair da faculdade preparada para trabalhar na área se o que estou aprendendo é apenas o básico?

Decidi que vou fazer um curso de fotojornalismo este ano. Se conhece um bom, por favor, mande sua indicação. No momento estou esperando a Cásper abrir as inscrições para o próximo - é o único que conheço.

Tenho muita vontade de aprender a fotografar, pois acredito que através da fotografia podemos colocar alegria até mesmo nos momentos mais tristes.

Quando comecei meu curso sabia que não poderia esperar muito da instituição que entrei. Mas, como não tinha condições de pagar a Cásper, não tive outra escolha. Hoje percebo que minha faculdade é pior do que eu pensava.


Não somos muito cobrados, lemos e escrever pouquíssimo e muito mal. Eu tento ler diariamente, apesar da minha carga de trabalho - trabalho fora da área.

Bom, termino aqui minha ladainha com um consolo... a minha decepção com a universidade me faz correr atrás daquilo que acho importante. Pego dicas de leituras, filmes e cursos no Blog Novo em Folha e no Blog do Curso Abril de Jornalismo. Sempre vejo quais cursos estão abertos no Espaço Cult, na Cásper, na Casa do Saber e na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Peço dicas aos meus professores e assim vou indo, tentando compensar algumas partes para não sair da faculdade tão desprerada como acho que sairei se não correr atrás enquanto é tempo.

Arquivo do blog